
A Starlink atingiu a impressionante marca de 600 mil usuários ativos no Brasil, consolidando-se como a maior provedora de internet via satélite do país. Em apenas três anos de operação, a empresa de Elon Musk passou de uma aposta arriscada para uma realidade que está redefinindo o acesso à conectividade em regiões remotas e agrícolas — algo que as operadoras tradicionais ainda não conseguiram alcançar.
Crescimento meteórico em três anos
Em maio de 2022, a Starlink iniciou suas operações no Brasil praticamente do zero. Três anos depois, em outubro de 2025, o número de usuários saltou de 334 mil (em janeiro) para 600 mil assinantes ativos, segundo dados internos da empresa.
Esse número inclui tanto usuários domésticos quanto empresas, fazendas e operações industriais. No setor agrícola, a presença é cada vez mais visível: máquinas Stara já saem de fábrica com antenas Starlink integradas, permitindo comunicação e controle remoto direto no campo.
| Ano | Usuários Ativos | Crescimento Anual |
|---|---|---|
| 2022 | 50 mil | — |
| 2023 | 190 mil | +280% |
| 2024 | 334 mil | +76% |
| 2025 (outubro) | 600 mil | +79% |
Conectando o que o cabo não alcança
O avanço da Starlink não é apenas estatístico — é geográfico e social.
A maior parte dos novos usuários está concentrada nas regiões Norte e Amazônia Legal, onde a infraestrutura de fibra óptica é economicamente inviável.
A empresa hoje conecta:
- Mais de 7 mil escolas públicas;
- Comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas;
- Postos de saúde e bases de emergência;
- Operações agrícolas e florestais automatizadas.
Essa penetração contrasta com a das operadoras tradicionais, que cobrem apenas 34% da área agricultável do país, segundo dados do setor.
Diferenças nos números da Anatel
Enquanto a Starlink afirma ter 600 mil usuários ativos, a Anatel reporta 422 mil acessos em seus registros. A discrepância, porém, não indica erro: o órgão regulador utiliza metodologias diferentes e costuma ter atrasos de meses em suas atualizações.
Além disso, a agência contabiliza acessos corporativos e roaming de forma distinta, o que explica a defasagem entre os dados oficiais e a base operacional real da empresa.
Velocidade e estabilidade em alta
A expansão de usuários veio acompanhada de melhorias significativas no desempenho. Em 2025, a média global de download da Starlink aumentou 50%, subindo de 145 Mbps em janeiro para 220 Mbps em outubro.
No Brasil, a velocidade média já ultrapassa 200 Mbps, com latência inferior a 40 ms — desempenho suficiente para transmissões ao vivo, videoconferências e jogos online em áreas onde antes não havia sequer sinal 4G.
Essas melhorias são resultado de uma nova geração de satélites V3, lançados a partir da constelação Starlink Gen2, com maior capacidade de banda e comunicação direta com dispositivos móveis.
Concorrência começa a se mover
O sucesso da Starlink está atraindo competidores e despertando reações do mercado.
A Anatel já autorizou testes da Amazon Kuiper no Brasil, enquanto a empresa chinesa SpaceSail prepara sua estreia para 2026.
Atualmente, a Starlink detém 46% do mercado brasileiro de internet via satélite, mas a entrada desses novos players promete diminuir a dependência de um único fornecedor e pressionar preços.
| Empresa | Início no Brasil | Tipo de Conexão | Status Atual |
|---|---|---|---|
| Starlink | 2022 | Satélite LEO (Baixa Órbita) | 600 mil usuários ativos |
| Amazon Kuiper | 2026 (previsto) | Satélite LEO | Em testes pela Anatel |
| SpaceSail (China) | 2026 (previsto) | Satélite LEO | Entrada programada |
| HughesNet / Viasat | Anos 2000 | Satélite GEO (Alta Órbita) | Perda de participação |
Estratégia agressiva: preços e expansão
Para manter a liderança, a Starlink adotou uma política de preços mais acessível:
- Kit Mini Starlink reduzido para R$ 799, o menor valor desde o lançamento;
- Plano residencial com mensalidade de R$ 164 no primeiro ano;
- Expansão de cobertura rural e integração com provedores regionais.
A empresa também anunciou investimentos em novos centros de distribuição e parcerias com cooperativas agrícolas para distribuição de terminais diretamente nas fazendas.
Conclusão
Com 600 mil usuários ativos, presença em todas as regiões do país e planos cada vez mais acessíveis, a Starlink deixou de ser uma curiosidade tecnológica e se tornou um pilar real de conectividade no Brasil.
A expansão é uma ameaça direta às operadoras tradicionais, que ainda enfrentam limitações de cobertura e altos custos de infraestrutura.
Enquanto isso, o avanço da internet via satélite promete democratizar o acesso à conectividade, levando banda larga de alta velocidade até os pontos mais remotos do país.

