
O início dos problemas: testes extremos revelam limitações
O Snapdragon 8 Elite Gen 5 chegou com a promessa de ser o chip mobile mais poderoso do mundo, mas os primeiros testes reais mostraram um outro lado: a dificuldade de lidar com o calor gerado por esse desempenho.
Modelos como OnePlus 15, Realme GT8 Pro e Red Magic 11 Pro apresentaram sinais claros de que o chipset trabalha no limite térmico:
- OnePlus 15: não conseguiu completar o teste de estresse, desligando por superaquecimento e chegando a 52°C na parte externa.
- Realme GT8 Pro: completou o teste, mas só graças a uma forte redução de desempenho, ficando com 33% de estabilidade.
- Red Magic 11 Pro: fez o teste com 80% de estabilidade, mas conta com liquid cooler + ventoinha, algo que praticamente nenhum smartphone comum usa.
O padrão é claro:
para atingir o desempenho máximo anunciado pela Qualcomm, o chip esquenta demais.
Por que isso está acontecendo?
O Snapdragon 8 Elite Gen 5 é mais poderoso, mas esse aumento veio acompanhado de maior consumo energético — e, consequentemente, mais calor.
Durante o lançamento, a Qualcomm apresentou benchmarks rodando em um reference device, um aparelho criado apenas para produzir números altos, com resfriamento e ajustes que não refletem o uso real.
No mundo real, os smartphones comerciais precisam equilibrar:
- desempenho
- autonomia
- temperatura
- tamanho da bateria
- espessura do aparelho
E, nesse equilibrio, o Snapdragon 8 Elite Gen 5 simplesmente não consegue manter suas velocidades máximas por muito tempo sem superaquecer.
A realidade nos aparelhos testados
Um resumo dos resultados:
| Smartphone | Termperatura Máxima | Resultado do Teste | Como controlou o calor |
|---|---|---|---|
| OnePlus 15 | 52°C externa | Desligou | Falhou no controle térmico |
| Realme GT8 Pro | 44°C interna | Completou | Forte throttling |
| Red Magic 11 Pro | 55°C interna | Completou | Cooler líquido + ventoinha |
| Reference Device | Muito quente, mas estável | Completou | Aparato criado só para benchmarks |
Conclusão:
Sem soluções avançadas de resfriamento, o chip esquenta demais.
Isso te afeta no uso real?
Para a maioria das pessoas, não.
Tarefas comuns como:
- redes sociais
- apps de mensagem
- vídeos
- fotos
- navegação
não chegam nem perto dos níveis extremos dos testes.
Até mesmo jogos rodam bem — desde que não sejam sessões prolongadas com gráficos pesados no máximo ou emulação de consoles.
Mas se você:
- joga por longos períodos
- usa emuladores exigentes
- grava vídeos 4K/8K por muito tempo
- joga com tudo no máximo
a temperatura pode subir bastante. Em casos extremos, pode até acontecer desligamento automático.
O problema da Qualcomm
Dois pontos importantes colocam a Qualcomm em situação delicada:
1. O desempenho anunciado não se sustenta
O chip atinge números altíssimos, mas não consegue mantê-los por mais de alguns minutos sem:
- reduzir suas próprias velocidades
- aumentar demais a temperatura
- depender de resfriamento avançado (que a maioria dos celulares não tem)
Isso faz com que as alegações de “chip mais rápido do mundo” percam credibilidade.
2. O calor está mais alto do que deveria
Mesmo fora dos benchmarks, o chipset opera no limite térmico.
Se a Qualcomm continuar aumentando o desempenho 20% a cada geração, a física vai impedir qualquer dissipação eficiente em aparelhos tão finos.
O que vai acontecer agora?
Provavelmente:
- Realme, OnePlus e Nubia lançarão atualizações para controlar a curva térmica, reduzindo aquecimento — e com isso, desempenho real.
- O Snapdragon 8 Elite Gen 5 ficará ainda mais longe do desempenho prometido pela Qualcomm.
- A experiência melhora, mas o pico de performance diminui.
Exemplo disso: Realme já fez isso no GT7 Pro no passado, corrigindo o superaquecimento com updates.
E o Galaxy S26?
A grande dúvida está aqui.
O Galaxy S26 deve usar uma versão personalizada do chip (“for Galaxy”).
E Samsung quer deixar esse chip mais rápido que o dos concorrentes.
Mas:
- não há sinais de novos sistemas de resfriamento
- não há câmaras de vapor maiores
- Samsung tem histórico de problemas com calor
Por isso, o cenário provável é:
- Samsung reduzindo o desempenho do chip
- números altos em benchmarks apenas no início
- limitação térmica mais agressiva para não comprometer temperatura externa
E a MediaTek?
O MediaTek Dimensity 9500 chegou muito forte este ano:
- desempenho próximo ao Snapdragon 8 Elite Gen 5
- sem sinais de superaquecimento
- custo menor para fabricantes
Se manter esse ritmo, MediaTek pode sim ultrapassar a Qualcomm em alguns segmentos flagships, especialmente se oferecer desempenho estável com temperaturas mais razoáveis.
Conclusão
O Snapdragon 8 Elite Gen 5 é potente, mas vem acompanhado de um grande desafio térmico. Ele funciona muito bem no uso cotidiano, mas:
- atinge temperaturas altas em cargas pesadas
- depende de throttling agressivo ou resfriamento avançado
- não sustenta o desempenho máximo prometido pela Qualcomm
- pode apresentar desligamentos em cenários extremos
A Qualcomm vai contornar isso via software, mas ao custo de reduzir o desempenho real — algo que afeta diretamente a credibilidade do chip e da marca.
E, para o futuro, a pergunta é inevitável:
o avanço anual de desempenho vai ultrapassar os limites de dissipação de calor dos smartphones?
Esse é o ponto central dessa discussão — e pode definir o rumo da indústria nos próximos anos.
