
Colocar mais de R$ 70.000 em smartphones sobre a mesa é quase como estacionar um Corolla seminovo na sala. Entre modelos dobráveis, câmeras de ponta e celulares gamer, a cena impressiona — mas também expõe um problema crônico: o preço dos tops de linha no Brasil e como a carga tributária molda o que chega (ou não) às nossas mãos.
Por que são tão caros no Brasil?
O principal fator está na tributação e logística.
Quando um aparelho é fabricado ou montado no Brasil, como acontece com a Samsung e parte da Motorola, ele se beneficia de incentivos fiscais e consegue preços mais competitivos.
Já modelos importados, como Huawei, Honor e Vivo (China), enfrentam um custo que pode ultrapassar 100% sobre o valor original.
Exemplo:
Modelo | Preço lá fora | Preço no Brasil | Diferença |
---|---|---|---|
Huawei Mate X6 | R$ 10.000 | R$ 22.000 | +120% |
Honor Magic V3 | R$ 7.500 | R$ 20.000 | +160% |
Samsung S25 Ultra | R$ 6.000 | ~R$ 6.000 (promoções) | Praticamente igual (produção nacional) |
Tops de linha comentados
Huawei Mate X6
- Dobrável com melhor conjunto de câmeras entre dobráveis.
- Tela rígida, construção premium.
- Carregamento 66 W com fio e 50 W sem fio.
- Impraticável no Brasil pelo preço final.
Honor Magic V3
- Dobrável extremamente fino, próximo da espessura de um S25 Ultra.
- NFC funcional para pagamentos.
- Excelente custo-benefício fora do Brasil (R$ 7.500).
- Estrutura menos rígida que o Mate X6.
Samsung Galaxy S25 Ultra
- Montado no Brasil, aproveita incentivos fiscais.
- Tela Gorilla Glass Armor antirreflexo, câmeras versáteis.
- Ponto fraco: câmera frontal pouco evoluída desde o S23 Ultra.
Vivo X200 Ultra
- Potencial “game changer” se lançado por preço competitivo.
- Câmera melhor que a do S25 Ultra em alguns cenários, parceria com Zeiss.
- Certificação IP69, Snapdragon 8 Elite, sistema otimizado.
- Possui modos fotográficos avançados sem distorção na wide.
Samsung Z Fold 6
- Dobrável disponível oficialmente no Brasil (~R$ 7.000).
- Evolução modesta em relação ao Z Fold 5.
- Excelente integração com ecossistema Samsung.
Red Magic 9S/10S
- Foco gamer: botões físicos, ventoinha interna, bateria 6.000 mAh.
- Carregamento ultra-rápido (100 W).
- Preço competitivo no exterior (~R$ 4.000), mas alto no Brasil.
Xiaomi 14 Ultra
- Sistema de câmeras Leica e hardware topo de linha.
- Preço acessível no exterior (~R$ 5.500), mas ausência de fábrica no Brasil impede competitividade.
- Falta de investimento em IA e refinamentos de software frente a rivais.
O impacto da fabricação local
A produção nacional é o divisor de águas.
Samsung e Motorola dominam porque montam no Brasil e conseguem alinhar lançamento global + preço competitivo.
Marcas como Xiaomi, Huawei e Honor, sem fábricas aqui, ficam presas ao nicho de importadores e consumidores dispostos a pagar caro.
Concorrência: o que ganhamos com ela?
Se modelos como Vivo X200 Ultra, Honor Magic V3 ou Red Magic 10S pudessem chegar ao Brasil com preços próximos aos praticados lá fora, o mercado ficaria mais equilibrado.
O consumidor teria opções reais:
- Dobráveis mais acessíveis.
- Smartphones com câmeras superiores à Samsung e Apple.
- Modelos gamer potentes por menos de R$ 5.000.
Conclusão
Enquanto a carga tributária continuar elevada e poucas marcas fabricarem no país, o brasileiro vai seguir limitado a Samsung, Motorola e Apple como players dominantes no segmento premium.
A chegada da Vivo (Jovi) com fábrica própria é um sopro de esperança — se outras seguirem o exemplo, podemos ver preços mais justos e mais diversidade de verdade nas vitrines.
